segunda-feira, 2 de julho de 2012
O Gladiador Solitário
É triste assistir Kleber atuando com a camiseta do Grêmio. Não porque acho ele um jogador ruim. Longe disso. É o melhor jogador do atual elenco do clube e, talvez, um dos melhores que já atuou nos últimos times formados pelo Grêmio. E é exatamente por isso que sinto compaixão ao ver o esforço desse atleta. Em meio a tantas nulidades futebolísticas, Kleber se destaca. Mas se destaca em vão. Nada do que ele faça ou possa fazer vai adiantar para resolver o deserto de possibilidades que é percebido facilmente por qualquer ser humano que assista uma partida do Grêmio esse ano. Kleber tem técnica, tem futebol no corpo, tem vontade. Entretanto, todas essas qualidades se diluem na ruindade predominante e absoluta dos jogadores que atuam pelo Grêmio. E é isso que me deixa triste ao ver tamanho esforço desse rapaz durante os 90 minutos.
Mal sabia ele a péssima decisão que faria, no início do ano, ao assinar contrato com o Grêmio. Aliás, isso é o que acontece com o Zé Roberto. Todo e qualquer jogador de qualidade acima da média deve evitar jogar por aqui. O Grêmio está destinado ao fracasso. É um clube bagunçado, desorganizado. Não enxergo qualquer possibilidade de título pela frente. O jogador que assina um contrato com o Grêmio está assinando, também, um atestado de que nunca mais vai vencer um título na sua carreira. Nem um gauchão.
Pode ser que alguém encontre culpa no Kleber pelo triste momento vivido pelo clube. Por ter sido a contratação mais esperada do ano, foi atribuído a ele a maior expectativa também. E, fazendo uma análise supérflua das atuações do time nesse ano, parece que essa expectativa não foi atendida. Engano. Ele não tem culpa de nada. Kleber é um solitário durante os 90 minutos. Sinto compaixão e pena por ver um jogador de tal qualidade tendo de se submeter a isso. Marcelo Moreno, seu companheiro de ataque, é um jogador horrível. Desengonçado, não sabe o que faz com a bola nos pés. Não mostra qualidade alguma. Moreno foi o segundo jogador mais esperado da temporada - quase que igual a espera da torcida pela contratação do Kleber. A verdade é que Marcelo Moreno nunca foi um jogador de destaque; foi goleador da Libertadores de de 2008 e só. A verdade, também, é que a Libertadores não pode ser uma competição para avaliar o potencial de um jogador. Contrariando toda a badalação que esse torneio tem, a dura realidade é que a qualidade dos times é quase nula durante a competição. Marcelo Moreno era um desastre anunciado.
O meio de campo do Grêmio é outro caso sério de estudo. Ainda não compreendi o porquê da venda de Rochemback e a vinda de Leo Gago. Alguns podem argumentar dizendo que foi por causa do dinheiro. Certo. Mas o que foi feito com esse dinheiro? Nada. Kleber é fruto de investidores. É tudo muito simples: Rochemback foi mandado embora e, para o seu lugar, foi trazido Leo Gago. Outra nulidade de jogador. Antes da sua contratação, muito foi falado dos seus grandes chutes de fora da área. Já se passaram 7 meses e, até agora, Leo Gago - que eu me lembre - fez um ou dois gols de fora da área. O que se vê, de fato, são chutes onde a bola ultrapassa os limites da região metropolitana de Porto Alegre.
Fernando é outro peixe fora da água. Apesar da qualidade superior, também não é tudo isso o que a mídia diz. Mas o mesmo fenômeno que ocorre com Kleber, ocorre com Fernando: é um jogador cuja qualidade se dilui na ruindade do restante do elenco. Como um jogador da qualidade do Kleber pode jogar ao lado de Marco Antônios da vida? É impossível. Nem Messi resolveria.
Torna-se insustentável assistir uma partida do clube. Quando o locutor da rádio anuncia os onze iniciais, já preparo meu travesseiro para dormir. Edílson, Tony, Gilberto Silva, Anderson Pico. Não há a menor condição. Alguém entendeu a contratação do Naldo? Claro que poderia dar certo, mas, entretanto, o Grêmio contava com Rafael Marques no ano passado. O que quero dizer é: por que trazer Naldo, se tem Rafael Marques? Qual é o acréscimo que essa troca trará ao clube? Nenhuma. Se é pra trazer Naldo, que fique com Rafael Marques. Se é pra trazer Leo Gago, que fique com Rochemback. Se é pra trazer Marco Antônio, que fique com Douglas.
Em suma, Kleber é o único que se destaca. É o único que, quando pega a bola, faz algo interessante. É o único que, quando pega a bola, o torcedor pode esperar que algo ocorra dali. E isso acontece: só que pela metade, devido aos péssimos jogadores que acompanham o solitário gladiador dentro de campo. Kleber é o único que consegue armar uma jogada, dar um passe correto, driblar e invadir a área. Mas fica impossível ter esperança quando o jogador que está na área para completar a jogada é o Marcelo Moreno, Miralles ou André Lima.
Kleber é o Gladiador Solitário. Atirado na área, batalhando sozinho na selva, voando para lá e para cá sem encontrar uma possibilidade, sem encontrar um companheiro a altura. É uma luta perdida. Kleber, infelizmente, vai morrer junto com o restante dos jogadores. E para o Grêmio consolida-se, já na metade do ano, mais uma temporada sem títulos. Uma mancha na carreira do atleta. Não por culpa dele.
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